
"Toda a amargura retardada da minha vida despe, aos meus olhos sem sensação, o traje de alegria natural de que usa nos acasos prolongados de todos os dias. Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste. E o que em mim verifica isto está por detrás de mim, como que se debruça sobre o meu encostado à janela, e, por sobre os meus ombros, ou até a minha cabeça, fita, com olhos mais íntimos que os meus, a chuva lenta, um pouco ondulada já, que filigrana de movimento o ar pardo e mau."
Fernando Pessoa in "O Livro do Desassossego"

1 Comments:
Para que os acasos prolongados
resistam à amargura
Para que a tristeza se farte de si própria
e se injecte de alegria
Para que as lágrimas transparentes
se tornem em palavras de veludo
Debruço-me eu, sobre quem me apetecer!
E quem me apetece és tu!
Beijo-te * * *
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